Caramba, nas férias a memória leva a gente para cada lugar! Eu fui do Paz Agora Brasil, em 1987. Tinha acabado de chegar de Israel, e foi o que soterrou meu interesse pelo país por 20 anos. O Paz Agora. Tinha voltado cheia de pique, querendo fazer alguma coisa. Então descobri eles, não sei através de quem, não tinha internet na época. Claro que cada um tem uma história. Um conhecido meu, um gay americano, se apaixonou pelo West Bank mais ou menos na mesma época e fez sua carreira acadêmica escrevendo sobre os check points. Eu não consegui ver algo tão interessante sozinha, nunca fui autodidata.
Há alguns meses li um livro da Sipora sobre um escritor judeu do finalzinho da Era de Ouro e talvez seja isso que tenha acionado minha memória. Na introdução vários textos sobre a tradutora, que teve uma morte triste e precoce. Quem a conheceu sofreu muito, como hoje devem estar sofrendo os colegas do Pisa. Ela era esposa ou namorada do líder do grupo no Brasil. Tinha acabado de falecer, se não me engano, quando entrei no Paz Agora. Seu marido apareceu talvez uma vez, ou nenhuma, nas reuniões que participei; estava abalado.
No grupo, vários psicanalistas, um casal que tinha acabado de se converter ao judaísmo, e de mais jovem só eu mesma. Paz Agora. Era mais um grupo de luto, de apoio, que um grupo político. Healing, os americano chamam. Eu não tinha absolutamente nada para heal, queria ação. Ainda existe, o Paz Agora Brasil? Ou algo do gênero? O tom melancólico do grupo na época também podia ser devido a questões políticas, era a 1ª Intifada, ou seja, a ocupação já era algo consolidado. Mas agora a coisa já esteja 10 vezes pior e ainda há quem proteste, se anime, tweete, arme barraca.
Enfim, as reuniões eram num porão em Perdizes. Me olhavam como se eu perturbasse um velório. Aí fui embora, e se passaram 20 anos. Pena. Devia ter estudado hebraico ou história judaica, e deixado a paz para depois.