No final do ano tive um pequeno problema com um medicamento que uso. Escrevi para a Anvisa, a Pfizer, a DrogaRaia. A Pfizer me ligou logo, pediu o remédio para análise e disse que ia averiguar todo o trajeto do remédio. A DrogaRaia me mandou emails pedindo para eu ligar, não disse nada de útil nem se comprometeu a averiguar nada.
Agora a Anivsa. Num primeiro email, disseram que não tinha dados suficientes mas não disseram que dados eram esses. Enviaram para outro departamento. Protocolo 2011402708. Nesse outro departamento, me disseram que o caso exigia averiguações mais profundas, que teriam que ser feitas pela Ouvidoria SUS/SP, para quem eu deveria me dirigir. Procedimento 412261.
Não tinha então a menor idéia de que a Anvisa era uma instituição inoperante financiada pelo contribuinte, e ainda fiz uma inútil reclamação para a Ouvidoria, afirmando que eles não podem considerar “finalizado” algo que não foi feito. Procedimento 412953. A resposta desta vez, evasiva e genérica, é de que a Anvisa prioriza alguns casos. O meu foi cadastrado num banco geral com o número 2011.12.003582. Não é possível saber se será averiguado ou não.
Enfim, me pareceu um jogo de empurra. Um diz que não tem dados, outro que não é com ele, outro que o caso recebeu um número. A questão da prioridade é importante, pois os recursos são limitados. Por outro lado, se forem investigados apenas os casos de risco imediato à vida, a Anvisa não serve para nada, pois nesses casos apenas um pronto-socorro resolve, e não um sistema de geração de números de protocolo.
A impressão que fica é que a questão da prioridade serve apenas para justificar a inoperância. Provavelmente a agência tem um monte de gente criando números de protocolo e poucos indo às ruas para ver o que está acontecendo com os remédios que a gente toma. Para começar a história, a Anvisa deveria publicar exatamente quais são as suas responsabilidades sobre o quê.