Eu adoro aquela coleção Nemirovski da Estação Pinacoteca, e quase levei 20 australianos – e uma canadense – para lá ontem… Ontem foi um dia ótimo para passear no centro, ensolarado, limpíssimo, com vida mas sem estar lotado, muito legal. Parabéns ao Kassab et al., a cidade está bacana. Se tivessem avisado da operação na cracolândia ter sido perfeito, mas no final não chegamos nem perto.
Depois do tour básico República, CCBB, Pátio do Colégio, 25 de março, Mercadão Municipal, o pessoal se dispersou – em busca de compras – e um grupo pequeno foi até o Museu do Futebol, que é uma coisa maravilhosa! Quem é que falou que esporte tem que ser low brow? Tinha texto do DaMatta, tinha uma recuperação histórica muito bom feita, tinha ao mesmo tempo um culto aos ídolos e reflexão sobre esse culto, tinha 0 (zero) erros de português – e nenhum de inglês que eu tenha visto. (Em português, só um artigo indefinido no lugar de um definido que mudava o sentido da frase, e um ditado que eu, na minha ignorância futebolística, penso estar trocado.)
E estava emocionante também. O Pelé nos recebendo na porta, uns bricabraques eletrônicos legais, o espaço da torcida. Tinha uns vídeos muito bacanas, do goleiro em câmera lenta, o vídeo da entrada mostrando as várias formas de jogar futebol. Algo pensado, pesquisado, criado, muito legal mesmo, não é só pra criança. É mais pra criança, mas é também para todos. Valeu, australianos, pois eu não teria ido lá a não ser de guia.
“Esporte é cultura”, dizia uma campanha brasileira oficial de uma década ou duas. Não sei. Esporte é esporte, cultura é cultura. Esporte é jogar bolinha para cá e pra lá, cultura é jogar palavras (e outros signos) pra cá e pra lá. O lugar do esporte na cultura brasileira eu sei qual é. Australianos: “Esse é um museu único, não existe outro museu do futebol, vamos ver esse!” É um lugar privilegiado, um lugar onde as batalhas são travadas, as habilidades mostradas. A poesia construída. A bola passa a ser mais que uma bola, ela “vira” um símbolo também, e o jogo vira, para quem entra no espírito, uma sinfonia.
Já na cultura judaica, essa cultura intoxicantemente rica, eu já não sei dizer qual é, depois desses dias todos, o lugar do esporte. Lehitraot!