Tel Aviv, dia 9

Sábado, dia de descanso. Só fiz um tour da cidade branca, os prédios da Bauhaus, as alamedas feitas por um urbanista inglês, cidade jardim, legal. Uma cidade que surgiu do nada, em poucas décadas. Antes conversei com filipinas, nepalesas, esperando o ônibus aqui em Ramat Gan para Tel-Aviv. Vida dura, cuidar de idosos sem descanso. E depois voltar para casa.

Li – todo dia leio um pouco – um livro de contos e trechos de romances israelenses. Todos bons. As introduções também, a história da literatura infantil em hebraico, por exemplo. No começo ideológica, tudo aqui no começo ideológico, depois revisionista, acho que entraram agora na fase do saco cheio. Mas não sei, é chute. Um israelense falou que estou certa, ninguém aguenta mais discutir política. Mas é legal isso, ter que escrever histórias infantis pois estavam de uma geração para a outra criando um público leitor.

Nadei no mar, depois das 4 da tarde, mesmo assim com o sol altíssimo. E voltei, nem quis ver o jogo na praia. É meio longe para ir e voltar duas vezes no mesmo dia, estou num bairro afastado, na verdade uma outra cidade. Mas estava cansada de gente, falar com gente, queria descanso das férias. Fui sapear na internet as universidades aqui, pois a semana que vem será de trabalho. E amanhã já é Rishon, o primeiro dia.

Das árabes, curti muito a Universidade de Jerusalém, acho que rifei ida à Cisjordânia. Baixou a tia Guita e eu me perguntei o que quero fazer lá. Mas essa Al-Quds parece bem legal. Da wikipedia ou do site deles: quando os israelenses iam construir o muro passando pelo campus, eles não jogaram pedra em ninguém, nada disso. Ligaram lá pro chefe na Casa Branca, o chefe ligou de volta pra cá e pronto, o muro passou em outro lugar. Simples e eficiente.

Melhor: o reitor não aderiu ao boicote às universidades israelenses “porque tem muita pesquisa importante, não dá pra parar.” Não é legal? Ele devia dar uma palestra aí pros sintusps da vida. Tem uma colaboração com a Brandeis também. Na próxima greve vou usar esse argumento: Se a Al-Quds não pára, eu vou parar?

Acho que hoje é isso, digerir essa semana.

ps. acordei hoje e li o artigo de Kristof sobre resistência pacífica na Cisjordânia. Acho que meu irmão deve segui-lo no NYT e estou usando a conta dele. E pensei na americana da organização de monitoramento dos checkpoinst, e em outra que faz parte de uma organização que faz trabalhos simples para o exército, embalar pacotes, etc. Engraçado como todo mundo tem seu palpite, eu também tenho o meu (abre a imigração para os trabalhadores estrangeiros, assimila mais as minorias, flexibiliza os “green cards” para os palestinos e reza bastante para que a mistura dê certo). Mas tem alguns palpites que tem um cheiro de bobagem, que você vê que o cara não saiu do seu mundo, quer que damas seja jogada com peça de xadrez.

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8 respostas em “Tel Aviv, dia 9

  1. Sou a favor de um país onde você é o que você quer, nem mono nem bi nem tri nacional. Como o Brasil, os EUA. Na constituição do país diz que ele deve ser um safe haven para os judeus do mundo todo. Isso está na constituição. Mas uma vez chegando lá, todo mundo tem que ser igual. Agora, quem terá a cidadania? Um idiota que mentiu na imigração? Ou um cara cuja família é da região, quer trabalhar lá?

  2. se a demografia mudar radicalmente, muda tambem a constituicao (que, alias, nem constituicao é – o estado de israel nao tem constituicao, sua carta de independencias faz as vezes de).

  3. Não é bem assim. Quer dizer, não estou propondo nada, viver aqui por duas semanas me fez uma pessoa mais humilde, fica óbvio que entender a região é complexo. Quer dizer, entender em toda a sua complexidade. Claro que talvez a resposta seja simples, como toda resposta ética!
    Mas veja os EUA. Eles eram um grupo pequeno, ideológico, fechado. E deixaram um legado para o mundo. A constituição não mudou, as instituições não mudaram, mas as pessoas mudaram. é o que diz o artigo que linkei.

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