Fiquei chocada com a derrota do Brasil. No ônibus para o bar soube que estava 2 a 1. Escutei algo no rádio e pedi para traduzirem. E depois alguém disse: ali tem um telão, desce lá. Aí desci e vi boa parte do segundo tempo. Mas já estavam todos borocochôs. E perdemos. No fundo, no fundo, a gente acha que mesmo com maracutaia na CBF e técnico ruim a gente ganha. A gente tem essa crença. E aí me perguntaram: tá triste? Não, tô chocada. E fui andar na praia.
Não posso comparar com o que vi há 20 anos atrás pois não me lembro nada. Minha avó que dizia: mas o que houve nessa viagem que você não conta nada? Bom, não havia muito o que contar. Ou agora o que lembrar. Só sei que há prédios, rodovias expressas. Mas não sei comparar. Na praia é meio como o Brasil, uma mistura de raças. Só que aqui realmente falam línguas incompreensíveis. Hebraico, Russo, Árabe. Indo para Yaffo, de repente, o panorama muda, famílias muçulmanas fazendo churrasco e narguila.
Depois comi num restaurante maravilhoso, um kebab com cominho, uma coisa espetacular. No avião me lembrei de meu pai: “Filha, por que v. não vai para Paris?” Fiquei brava, meu pai não me entende. Mas por que não fui para Paris? Aquelas frases que o tempo não apaga. Nem responde. É verdade que os homens aqui são meio apressados. No avião um rapaz muito, mas muito bonito sentou do meu lado já quase chegando em Israel. Depois disse: vou voltar para o meu lugar, tem só alguns minutos. Mas emendou: em alguns minutos dá pra fazer tanta coisa.
Povo estranho esse, mil anos é pouco, um minuto é muito.
Eu fico um mês. Pouco? Muito?