Uma conversa

Perguntei pras faxineiras:

Vocês estão em greve?

Não, não somos da Unesp. (Elas estão todo dia lá, mantém o campus limpo. Mas não se sentem “da Unesp”.)

Quanto vocês ganham?

520, mas com os descontos todos fica uma mixaria. Não deveríamos receber os 520?

Não, eu também tenho descontos. (Elas estão certas, deveriam receber os 520.) E o pessoal aqui da Unesp, quanto ganha? Mais?

Ah, depende do cargo. Acho que bem mais.

Parece que o salário de entrada é quase 1 mil “na Unesp”. Um pouco mais qualificado já passa para 2 mil. Com algumas incorporações, 3 mil. Alguns funcionários ganham mais que os docentes, parece. Não chequei. Será que não podiam botar todos os salários na internet, como a prefeitura de S. Paulo? Se a questão toda é salarial…

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11 respostas em “Uma conversa

  1. O que esses funcionários recebem não entra no tal “índice de comprometimento do orçamento com folha salarial,” que os sindicatos querem aumentar. Ou seja: os sindicatos querem aumentar os salários dos sindicalizados e diminuir os salários das faxineiras.

  2. concordo com o felipe. os alunos devem primeiramente cuidar da propria inclusao, que nao é facil. o que para mim é curioso é que aparentemente não há custos para os alunos apoiarem a greve dos funcionarios, e talvez tambem nao haja para os professores. talvez só para as faxineiras mesmo. acho que isso justifica o artigo do rodas no estadao de hoje, dizendo que o unico jeito é a sociedade tomar uma atitude. pelo jeito, ele, o reitor, tb nao está conseguindo muita coisa.
    abs
    sgold

    ps. o rodas expos os salarios dos funcionarios. de fato as faxineiras terceirizadas ganham pouco perto das concursadas.

  3. Claro, mas é que nas ciências humanas se v. não vai a campo – e o campo é a sociedade – você não entende patavinas de nada. É o laboratório, entende? É onde caem as fichas. Então você só vai entender o que é “inclusão”, por exemplo, se conversar com pessoas que trabalham num lugar, recebem deste lugar, e não se dizem desse lugar.

  4. Pelas conversas pós-reunião, todos os contra a greve se sentiram acuados, por um discurso que torna bonzinho quem não se importa se nossos alunos vão ser guarda penitenciário ou não. Um professor me disse ter se sentido mal, fisicamente, depois da reunião. Acho que nós internalizamos esse custo; a preocupação com os alunos, com a instituição, etc. O curso de Sociais teve uma demanda reduzida para um terço em meia década, por exemplo. Esse é o custo.
    O ganho na reunião, na verdade, é que os alunos enfrentaram tão pouca resistência, tanto endosso, que ao final tinham um pouco a cara entristecida. Pode ser minha impressão, mas eles pensaram: “Tá, mas não então não vão insistir com as aulas? E eu, como fico? Sem pai nem mãe nem vizinho, em plena praça?”

  5. desconfio um pouco desse altruismo com os alunos. os alunos são livres e grandinhos para fazerem suas proprias escolhas. me chama mais a atencao como os professores parecem nao valorizar o proprio trabalho.
    abs
    sgold

  6. “um discurso que torna bonzinho quem não se importa se nossos alunos vão ser guarda penitenciário”; “a preocupação com os alunos”; “E eu, como fico? Sem pai nem mãe nem vizinho, em plena praça?”; “Eu me precupando se vão ter grana para pagar seguro saúde e aluguel”… desconfio dessa preocupacao altruista com os alunos. sou mais o dr. house, que se interessa mais pelas doenças do que pelos doentes…

  7. Pingback: 2010 in review « Crônicas da Sala de Aula

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