Escrevo sem pesquisar na internet, só pelo que me contou o Geraldo Paiva, em sua banca da República onde vende pedras brasileiras. Vale a pena pelas histórias, independente do preço da mercadoria.
Que sua avó era filha de uma negra e de um homem de terras em Minas, e portanto tinha alguns recursos. Que em sua casa sempre tinha muitos negros, a quem ela ajudava com comida, com abrigo, gente que a abolição deixou sem terra nem trabalho.
Mas o Senhor Geraldo sobretudo contou da cidade de Freguesia de São Caetano da Moeda Velha, que ganhou autonomia no ano da morte de Getúlio Vargas. Que é bom ir para lá no terceiro domingo de agosto, quando há uma festa religiosa e a cidade fica cheia e bonita.
Que a cidade tem esse nome por conta de negros escravizados que trabalhavam no garimpo, mas que desviavam parte do ouro mata adentro, onde chegaram a ter uma fundição. E que o Rei descobriu a fundição e acabou reprimindo a empreeitada.
Mas até aí já havia uma vila, a vila da Moeda. Geraldo me garantiu que a história é essa, ficou até um pouco indignado com meus pedidos de detalhes. “O homem sempre roubou,” ele disse e anotei em meu bloco eletrônico, como se fosse algo a ser confirmado ou rejeitado por investigações futuras.
O homem sempre roubou. Roubou a liberdade do outro, que roubou o ouro do outro, que teve a empresa roubada pelo outro, que depois ficou à mercê da bondade da avó de Geraldo, pulando aí um bom século, talvez roubado também.
É tudo verdade.
http://noscaminhosdeminas.blogspot.com.br/2014/07/sao-caetano-da-moeda-moeda-velha.html
Eu não duvidei. Para mim, o que a pessoa fala, é lei! E vou além: todo sociólogo decente é um crédulo doentio. Seu ofício é crer.