Hoje passei pela Paulista voltando para casa, mas a avenida estava fechada. Fui pedir informações para a polícia, um grupo de homens altos, grandes, armados, um pouco para saber o que estava acontecendo e outro pouco para conversar com essas pessoas que amanhã estarão nos jornais pintados com cores fortes.
Eles estavam com medo. Medo visível na cara tensa, um tom a mais do que apreensão. Era medo mesmo. Fui inventando perguntas para continuar falando com eles até o ponto em que não deu mais, pois o fluxo de gente era grande. Algumas perguntas eles não sabiam responder, e no “não sei” pareciam pedir alguma compreensão.
Era gente grande, não eram poodles, mas pareciam pedir alguma compreensão. Não estavam lá curtindo a ação não. Não era pique de torcida uniformizada indo pra guerra. Era mais o pique do meu amigo Ahmed indo para o combate em 1973. Que terminou antes da tropa dele entrar no front, graças a Deus. Era visível que queriam que tudo já tivesse acabado, eles em casa sem maiores acontecimentos. Se não acredita, vá você fazer a experiência, vá num pré-protesto num lugar onde a manifestação ainda não chegou e bata um papo, e me diga depois.
A polícia é violenta? É. Precisa de treinamento, melhores salários, integração das polícias, e de chefias respeitáveis que não tenham advogado para o PCC. Provavelmente depois disso ainda vai precisar de mais treinamento ainda, para reduzir a tensão em casos específicos, com grupos específicos. Claro. Agora, caramba, avisa onde vai começar o protesto, onde vai terminar, não acoberta os vândalos no meio do movimento que já está fazendo a sua parte.