Parafraseando um amigo professor da UniABC: ou a presidente faz um ministério de esquerda, ou cai numa falsa dicotomia. Esse é um post rápido sobre indicações ministeriais.
Acredito que o PT veja mesmo a sociedade como uma luta de classes, e não como um agrupamento complexo de pessoas com diversas visões de mundo e interesses. Isso explica as escolhas ministeriais que estão surgindo na imprensa.
O Brasil precisa agora de gente que tenha a compreensão dos problemas de cada área. Um ministro da fazenda que entenda de verdade que ajustes precisam levar o curto prazo em conta. Ministro da agricultura que entenda que o longo prazo, da sustentabilidade, é tão importante quando a produção atual.
Não é fácil encontrar gente assim, e temo que Dilma não esteja nem procurando. Para ela, provavelmente, “se não for do jeito que eu quero (um desenvolvimentista pífio a quem dou ordens) então vou chamar um banqueiro qualquer.
Parece que a indicação atual para a Fazenda é respeitada. Mas será que tem a capacidade de ver o drama econômico em perspectiva? Eu confiava no Armínio para isso. Como interlocutora no congresso, Abreu também poderia ser ótima. Mas vai enxergar a urgência da questão ambiental? Dá medo.
A oposição não pode criticar muito, pois o que menos quer agora é minar ainda mais a capacidade deste governo de governar. Vão deixar a Dilma lidar com as críticas “à esquerda” dessas duas indicações conservadoras. Estão certos. Não precisamos de mais lenha na fogueira, e não há nada de desonesto nas indicações em si, que são de gente competente em suas carreiras.
Então digo eu: eu não queria um ex-funcionário do FMI, formado em Chicago, na Fazenda. Não queria. Pois ou ele vai ser podado pela Dilma ou vai ter que fazer coisas nas quais não acredita. Também não queria um delegado do agronegócio na Agricultura. Não queria.
Então não pensem que estão agradando os 51 milhões de eleitores de Aécio, pois não estão. Estão caindo nas falsas dicotomias que eles mesmos criaram.
Crônicas da Sala de Aula 