E se como num filme Aécio Neves acordasse se sentindo um pouco pesado, desconfortável, na Alvorada, com a voz de uma camareira lhe dizendo: “Presidenta, presidenta, a senhora pediu para acordar. O café está pronto.” O que faria?
Como usaria sua inteligência para se sair dessa? Eu, e acho que Aécio também, começaria um belo programa de exercícios físicos, com ajuda de uma fisioterapeuta, pois torta daquele jeito eu não conseguiria nem refletir direito.
Com essa questão melhor equacionada, eu mudaria de partido. Voltaria ao PDT, por exemplo. Iria para o PSD de Afif. Ou mesmo para o PMDB, só pra contrariar a Marta. Enfim, daria uma de Marina. Faria um governo de ex-petistas, tentando me afastar da mácula de corrupção do PT.
Tem tanta gente: Erundina, Eduardo Jorge, a própria Marina. Convidaria o Serra para Ministro da Fazenda. Mesmo que ele não aceitasse, eu faria um governo serrista. Mas isso sou eu. E um cara que realmente entende de política, o que faria? Não sei. Pela cara do Temer ontem, a situação está deixando até os mais exímios operadores meio desacorçoados.
Penso que se você votou na Dilma, é hora de você se perguntar isso também. É sua responsabilidade. O que você faria agora? É você que está lá. Você deve dar idéias, sugerir, apoiar. E eu queria saber o que você acha que Dilma deve fazer agora. Não acho que seja o momento de você sair criticando como a Marta. Acho isso irresponsável.
É hora de mostrar solidariedade e também opções. O que ela deve fazer, na sua opinião?
Se você tinha apreço pela intervenção estatal, pelas empresas públicas, você votou errado nas últimas eleições, isso está claro para mim. Especialmente em 2002 e 2010, você tinha o melhor candidato desta visão desenvolvimentista. Três governos do PT fizeram mais para minar nossa confiança no Estado do que toda a “imprensa golpista” junta ao longo da história nacional. Muito mais.
Vocês acabaram com a confiança que tínhamos na capacidade do Estado em promover o bem estar, e talvez tenham acabado também com alguns órgãos, empresas e programas do Estado. Mas isso está feito. E agora? Que vocês sugerem à Dilma, para salvar o que resta? Para tocar adiante os próximos 4 anos? Essa é que é a questão.
Em 2018, nessa toada, nós vamos ter um candidato de direita no segundo turno contra Aécio Neves, que com inteligência se coloca firmemente no centro do espectro político nacional. Ele não sabe se em outubro de 2018 ele vai estar pedindo votos para os eleitores de Bolsonardo ou de Genro, e portanto não vai se inclinar um milímetro para um lado ou outro até lá. Ele acredita no centro, e então vai isso vai ser fácil para ele, como na piada da mãe do recruta.
Mas e até lá? Até lá, todos nós, oposição, situação, temos que nos imaginar um pouco naquele corpo mal tratado de Dilma, pois ela é a presidente do Brasil. Eu acho que Aécio está bem no papel de oposição, e eu acho que Temer está bem no papel de sei lá que papel o PMDB tem nesse país. E você, eleitor de Dilma, qual o seu papel? Que você quer para o país, e especialmente para esse projeto estatista, cujo líder você escolheu muito mal?
Pois dependendo do que vai acontecer nos próximos anos, como eu disse, você vai ter que escolher entre Aécio, que é a minha escolha, sem reparos, com muita confiança, e a direita privatista mais insensível. Então, eu novamente pergunto: além do silêncio, além da crítica desleal à presidente, e além do rancor aos derrotados, o que de concreto você tem a oferecer ao país?
Essa previsão de que vai haver candidato de direita forte em 2019 é interessante. Poderia levar muitos votos do PT, especialmente se não houver nome petista forte, e parece que não há. Aécio faz bem em continuar no centro.