As políticas públicas propostas por Aécio são progressistas e vão, depois de um ajuste, permitir que o país progrida econômica e socialmente, abrindo mercados externos, melhorando condições internas de investimento e inovação, sem descuidar de programas sociais que, pelo que entendi, privilegiarão a capacitação da mão-de-obra, vulgo educação.
Mas há uma volta sim ao passado, como acusa Dilma. E é por essa volta explicada claramente na propaganda do PSDB e nas falas do candidato que Aécio passou para o segundo turno e Marina não. Há uma volta à velha política de acordos costurados pelo diálogo feito no interior de partidos e de instituições.
O Brasil cansou de acordos feitos sigilosa e monetariamente, mesmo que com a melhor das boas intenções, como tinha o presidente do PT, José Genoíno. Essa era a nova política proposta por Lula, por Dirceu, e é essa nova política, fora das instituições, fora da visão (e a política mesmo que tenha os seus conchavos deve ser essencialmente feita à luz do dia), que foi derrotada.
O Brasil quer a velha política: congresso funcionando, imprensa livre, políticos fazendo política. É estranho isso, mas o Brasil quer a democracia, essa novela interminável, às vezes com imensas barrigas onde parece não acontecer nada, às vezes com boas interpretações, mas sempre no mesmo horário, previsível, acompanhando a sociedade e sendo por ela acompanhada. Hoje estou inspirada.
O Brasil disse não à nova política. Marina, obviamente, quando falou em “nova política” tinha em mente a rejeição de algumas práticas tattistas, dirceístas, danielistas, delubistas. Mas não ficou tão claro para o eleitor que ela queria voltar ao nosso passado de Ulysses, Tancredo, Covas. O resgate não ficou claro e os votos minguaram. É essa, entretanto, a grande questão da eleição: nova e velha política. O Brasil quer a velha, pois é ela que nos tirou de buracos fundos e é ela que nos alçou a grandes vôos.
Não queremos reescrever a história, precisamos da história nacional tal como é, com seus erros que não queremos repetir e heroísmos que esperamos estar prontos para retomar. Mesmo a classe política, que não nos orgulha tanto, já estava cansada da nova política de malas. É melhor vencer pelo diálogo e pela artimanha, assim como é melhor passar na prova pelo estudo e pela esperteza. Dada a oportunidade, estão aderindor à candidatura de Aécio, com alívio.
Nesse sentido, ainda que não como administrador público, Aécio é conservador: quer conservar a democracia, o sistema partidário e o legislativo livre. Eu também quero, pois esse sistema é melhor. Quanto aos novos meios de comunicação, de que sou entusiasta, eles têm seu papel nessa velha política, um papel muito definido: ajudar nesse processo político, dando vitalidade ao legislativo e transparência ao executivo. O papel é meramente funcional, instrumental.
Pois a democracia precisa, a cada geração, ser atualizada. Mas nunca substituída por nada de modo algum jamais, como se tentou fazer no Brasil dos anos 2000.