Uma amiga me viu com o adesivo do Aécio no peito e perguntou se eu votaria nele por ser o menos ruim. Esse post é para dizer que voto em Aécio pois acredito que ele seja o melhor candidato que tivemos à Presidência da República desde 1994.
Em 1998, ao invés da reeleição, deveríamos ter lançado José Serra, que com seu desenvolvimentismo retrógrado teria talvez impedido o fortalecimento da idéia de que o PT tinha algo a contribuir ao país, uma idéia errônea como sabemos. Eleitores mais facilmente ludibriados pela idéia de que o Estado é onipotente teriam uma alternativa democrática em José Serra, que atenderia o que queríamos na época: um pouco mais ênfase no social, menos nos ajustes econômicos.
De certa forma, a reeleição é o padrinho de Lula em 2002. Já em 2006 e 2010 apresentamos candidatos com pouco o que dizer, pois ou não disputavam absolutamente nada, como é o caso de Alckmin, um bom zelador para São Paulo enquanto não surge algo melhor, ou disputavam o espaço do intervencionismo estatal já ocupado pelo PT. No plano político e ético, entretanto, não há como comparar Serra, um sujeito honesto para o padrão do político nacional e comprometido profundamente com a democracia, e uma quadrilha sem escrúpulos apenas enfeitada por alguns trouxas, incluindo honrados senadores da república.
Agora, não. Agora o PSDB retomou a social democracia de Fernando Henrique, que no meu entender é o liberalismo latino-americano mesmo que o professor da Sorbonne tenha pudores em chamá-lo pelo nome adequado. Liberalismo na América Latina é isso, é Fernando Henrique e Aécio Neves: a idéia de que num país com desigualdades podemos usar políticas públicas para ajudar quem quer crescer e contribuir com o país. O Estado não deve atrapalhar nem salvar, pois o cidadão não precisa de quem o salve: dadas as oportunidades, ele caminha sozinho, de queixo erguido e ainda dando a mão para quem precisa. Criar oportunidades para construirmos juntos um país melhor.
Essa é o pensamento de Aécio, é o meu também e por isso voto nele tranquila como nunca estive. É um voto maduro e pensado, de uma professora e escritora, ou seja, de alguém que pode às vezes se enganar aqui e ali mas conhece as pessoas e os modos de pensar. Aécio foi franco ao dizer que quer governar com equipe. Ele não quer passar as magrugadas “micro-managing” o terceiro escalão do governo. Ele vai delegar e delegar para gente grande que vai aceitar cargos, pois vai ter confiança dos propósitos da gestão. Vai usar o seu tempo negociando com o congresso, com os partidos, com o sistema político que não vai desaparecer – e com todos os defeitos é bom que não desapareça – de um dia para o outro.
Você conhece Brasília, como pergunta o palhaço deputado? Pois é, é preciso conhecer, falar, tomar café. Brasília representa o Brasil. Em Brasília está o deputado absolutamente sem recursos para representar ninguém mas que pelos votos representa seus eleitores e o presidente deve o respeitar e o receber com honras. Pois o deputado do rincão é o Brasil e é a democracia que construímos com esforço desde a criação da Câmara de S. Vicente no século XVI.
Aécio não tem nojo da democracia, como o PT. Não acha que negociar, convencer, bajular, dar abraço é coisa burguesa que pode ser substituída por uma mala repleta de sestércios. Aécio viu o avô, que ele respeitava imensamente, fazer política e ele faz política sem pudor. Pois política – e não ideologia – é a base da democracia. E eu voto em Aécio por isso. Eu mesma, vocês me conhecem, eu não sou política. Eu sou pelos princípios rígidos e pela crítica feroz, eu gosto das polêmicas, e eu tenho um espaço nesse Brasil, um espaço que eu quero continuar tendo e quero que os jovens continuem tendo por muitas gerações.
Aécio viu o avô fazendo política durante a ditadura militar no Brasil, e viu o avô ser eleito presidente do Brasil durante a ditadura. Aécio acredita que a política serve para os tempos de bonança e de crise, e é nele que vou votar.
Vou votar nele para que gente como eu possa continuar exercendo o seu papel, num país economicamente pujante, culturalmente plural, regido por regras claras e solidário com quem quer contribuir socialmente. E vou votar sem dúvida alguma de que ele é, como disse, o melhor candidato que o Brasil já teve desde 1994!
Porque ele é mineiro, uai.