Vagão Rosa: Benesse sem benefício

Dei entrevista para a Rádio Estadão hoje, e antes de falar preparei o texto abaixo.

Impressão é de que o projeto não era algo pensado, estudado. Provavelmente foi algo feito apenas para mostrar serviço, pois não atende às mulheres como um todo, e menos ainda a população que quer ser respeitada, independentemente de gênero. Lembrou um pouco a cultura da meia-entrada, a idéia de que o poder público pode “dar” benefícios.
Mas para ter resultado é preciso investimento, tanto em quantidade do transporte público, como em qualidade, com segurança, conforto para todos. E pensar em primeiro lugar, no pedestre, na pessoa. Pois às vezes somos motorista, às vezes passageiros de metrô, mas usar a calçada usamos todos, sem distinção de classe ou gênero.
E o pedestre é o que menos tem voz nessa discussão toda: calçadas e faixas não são prioridade para ninguém, pois é uma tarefa muito difícil adequar a cidade ao pedestre. Além de não ter grandes licitações… Enquanto botar um adesivo rosa num vagão me parece mais barato, apesar de inútil.
A luta pelo transporte cidadão ainda vai durar muito em São Paulo, mas não devemos desanimar. Parabéns às mulheres que se opuseram a essa benesse sem benefício!

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Uma resposta em “Vagão Rosa: Benesse sem benefício

  1. Essa coisa de entrevista, a gente acaba não falando do que havia pensado anteriormente, que poderia ser importante.
    Eu acho que muito do assédio hoje é uma espécie de machismo acuado, digamos. Os homens não podem mais, de modo legítimo, oprimir as mulheres nos locais tradicionais. As mulheres conquistaram de fato espaço e direitos, mesmo que ainda haja injustiça. Mas ela não é legítima.
    Eu, pessoalmente, me senti agredida (apenas verbalmente) outro dia numa situação onde eu não poderia me defender. Num exame médico. Sem roupa, deitada, lanbuzada de gel. Sala escura. O recado que passa é que hoje as mulheres de pé, com roupa não levam desaforo pra casa.
    Penso que o machismo está se confinando em lugares onde as mulheres estão mais indefesas. E o assédio no transporte coletivo é um deles. O machista não pode agredir no trabalho, nem em casa, e acaba buscando esses lugares muito específicos para soltar seus rancores.

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