Valores judaicos e posições políticas

Disclaimer: já escreveram coisas mais informativas que esse meu post, que é só um registro de uma opinião que acompanha de longe os acontecimentos em Israel.

Como disse numa reunião na Conib, para a qual me convidaram por engano, é sempre bom traduzir os acontecimentos no OM para o brasileiro. Que país temos aqui que nos agrada tanto, e que país queremos para nossos primos no OM, que também os agradaria, com liberdade e igualdade perante a lei?

É muito sério se o governo israelense escondeu o que sabia do destino dos jovens para justificar uma operação já planejada na Cisjordânia, nesse clima em que está o país. Seríissimo prender centenas de pessoas que nada tem a ver com esse crime em especial, invadir casas e negócios, infernizar a vida da população e no processo também causar mortes.

Isso que disse acima não justifica o crime. O crime é o crime, que deve ser investigado, com os culpados punidos por um crime sem atenuantes (a ocupação, etc.). Se a Cisjordânia é parte de Israel, o crime deve ser tratado como crime comum. Se não é, então desocupem o lugar. Claro que é mais complicado que isso, mas no frigir dos ovos a questão é essa.

No frigir dos ovos não há status de crime comum num território ocupado, pois qualquer coisa pode ser vista como atentado à ocupação. E qualquer coisa vale para manter essa ocupação também que, como sempre digo, não pode ser comparada aos massacres perpretados pelos governos árabes contra suas próprias populações e pouco noticiados pela imprensa.

Sobre a analogia com o Brasil, nós somos a favor de operações repressivas indiscriminadas contra a população por conta de crimes bárbaros? Não somos. Quando a polícia ou o exército entra nas favelas, a imprensa toda vai lá pra evitar abusos, o secretário de segurança aparece na TV se desculpando se eles acontecem, e em geral cai um ou outro comandante.

E por que isso? Porque apesar de toda a desigualdade em nosso país, nós sabemos – nós sabemos no fundo da alma – que a lei deve servir para todos, que a lei que serve só para nós é uma ilusão, é uma armadilha. Que o abuso das forças de segurança se volta contra nós não no futuro, não amanhã, mas hoje mesmo, à noitinha.

Existem valores judaicos? Acredito que sim. Não que os judeus sejam melhores, mas não têm desculpa para não os serem pois têm atrás de si milhares de sábios que se debruçaram sobre as questões éticas mais variadas da vida humana. O governo israelense e as llideranças judaicas brasileiras estão fazendo pouco desses valores ancestrais, fomentando o sentimento de ódio e vingança indiscriminada (e, perdão a quem se sentir atingido, fazendo isso se apoiando em raciocínios rasos e na burrice em geral), em detrimento da noção de justiça que demoramos 3 mil anos para aprimorar, que é dura com o criminoso mas correta com os inocentes.

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2 respostas em “Valores judaicos e posições políticas

  1. Mas são meus valores, como é que não vou me apropriar deles? Não são minhas únicas fontes, veja o post mais novo, onde trago o que aprendi na New School, com o pensamento Pragmático. Fazendo uma analogia simples, seria como eu te convidar para uma feijoada, dizer que adoro comida brasileira, e você me dizer que não posso dizer que feijoada é brasileira, pois assim estou me apropriando desse prato. Ora, eu aprendi a fazer com os meus, faço feijoada, logo é minha. Pode ser que os coreanos façam uma excelente feijoada, e pode ter brasileiro que não pode ver uma cumbuca fervendo, mas isso não muda nada.

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