Foi celebrado hoje, em Washington, o Acordo MEC-Usaid phase 2 entre o Ministério da Educação brasileiro e a Agência para o Desenvolvimento Internacional americana, com o objetivo de reforçar os laços entre os dois países nas esferas da educação básica, superior e da pesquisa. As negociações para a assinatura do acordo foram feitas inteiramente em sigilo e pegaram a comunidade acadêmica brasileira de surpresa. De acordo com fontes do Departamento de Estado americano, o sigilo foi pedido pelo governo federal brasileiro para evitar que o tema fosse usado “de modo não desejado em processos políticos locais”.
O primeiro acordo MEC-Usaid foi celebrado no início do regime militar brasileiro, e resultou num sistema híbrido na educação superior, preservando-se na prática o modelo jesuítico-napoleônico de saber mas, formalmente, adotando-se o sistema de créditos idealizado pelo mítico presidente de Harvard Chuck Eliot. Para o atual Ministro da Educação, Fernando Haddad Aloizio Mercadante Henrique Paim, fica no passado a resistência intelectual brasileira à ajuda norte-americana: “Em 1966, o governo estadunidense apoiava uma ditadura militar que prendia e torturava. Hoje os brasileiros de todas as classes sociais invadem Miami e Nova York, para não dizer Los Angeles e San Francisco, saindo dos aeroportos carregados de tralhas, o que atesta o sucesso da política econômica de Dilma e Lula.”
Depois de meio século de colaborações e incompreensões, a natureza do phase 2 será distinta do acordo original: a ênfase será em colaborações científicas, intercâmbios de estudantes secundaristas e de universitários em agências federais dos dois países, assim como de gestores universitários. Peter Salovey, atual president de Yale University, garante que fará um trabalho melhor que Harvard em explicar aos brasileiros as vantagens do sistema americano de ensino. “Modéstia à parte, nossa instituição tem o desejo e as habilidades para se comunicar com alienígenas de todo o globo. Quão difícil será dizer aos brasileiros que nosso modo de fazer as coisas é simplesmente melhor?”
Mas nem todos estão contentes com o phase 2. As três categorias da Universidade Estadual de Maringá prometem, caso o acordo não seja cancelado, uma greve por tempo indeterminado, com protestos, ocupações, piquetes e, nas principais ruas da cidade, sit-ins e teach-ins nos moldes daqueles feitos nos campi americanos em protesto contra a guerra do Vietnã. “O dinheiro da Copa era para ser usado nos intercâmbios do Mercosul, e não para fazer estágio na CIA. Nós vamos bloquear esse acordo e as ruas de Maringá!”, garantiu um líder estudantil do curso de odontologia.