Em Brasília Dia 5

Não sei bem o que dizer de ontem, último dia de congresso de comunicação. Esses congressos são sempre um pouco exigentes psicologicamente, para mim. Almoçamos e jantamos por alguns dias, formamos uma familhinha, até com certas escaramuças, e depois nos veremos quem sabe quando. Gostei das histórias de Straubhaaer, que serviu no State Department aqui no Brasil nos anos 1980, e conta o Brasil de um jeito bem inusitado. Conversamos como se fôssemos embaixadores culturais de nossos respectivos países, mas o humor autodepreciativo fez com que eu falasse: “Sim, é o que eu tento, mas às vezes tenho a impressão de que só pioro tudo!”

Apresentei meu trabalho, que me pareceu mais coerente do que quando li há alguns dias atrás. Recebi duas sugestões interessantes que podem lhe dar uma cara de paper acadêmico. Ouvi outros trabalhos interessantes, bem de comunicação, um sobre a segunda tela, outro sobre uso de tecnologias por estudiosos em ciências sociais na América Latina. Conversei bastante com um colega da Unesp, o Danilo, de Bauru, que eu já havia conhecido num evento da Unesp, e com a mulher dele, gente muito preparada. Ela trabalha com mídia e educação, já tínhamos trocado emails antes.

Enfim, mundo acadêmico, redes de contatos, indicações de livros, nada que interesse tanto assim ao leitor. Trabalho.

Isso foi ontem. Hoje, sábado, conheci um assessor parlamentar de um deputado do interior de Pernambuco, onde tomo o café da manhã. Assessor e também faz aluguel de quadra de futebol, algo assim. Então isso interessa: sabe por que a burocracia fica a todo tempo tentando te cercear as possibilidades de ganho? Porque todo mundo aqui tem dois ou três empregos. E eles acham que em São Paulo a gente tem tempo pra isso, acham que emprego lá é só assinar alguma ficha. Conversa:

Todo homem tem seu preço.
Que partido é seu deputado?
PTB.
Eu: Ah, PTB tem mesmo.
Por causa do Jefferson?
Não, o PTB em São Paulo é um horror.

Enfim, Brasília.

Estando aqui, vão visitar o Palácio do Itamaraty. Que espetáculo. Que coisa maravilhosa. Pelo que a moça falou, é só para recepções, mas mesmo assim. Indiscritível. Também vi a Catedral, que também é um espetáculo, mas eu já conhecia. O sol entrando pelos vitrais, o sol se encobrindo, uma coisa divina mesmo. Se é funcional, aí são outros quinhentos, mas são espetáculos mesmo. A guia do Itamaraty era engraçadíssima, o que ajudou no passeio, pois o lugar é imponente.

Almoço na feirinha da Torre, comida paraense, suco exótico, maravilhoso, artensanato poderia ser melhor, mais selecionado, estilo Benedito.

Na Praça dos Três Poderes há um pequeno museu, ou memorial, não sei o nome, sobre Brasília. É interessante, conta a história do sonho de uma capital no interior do país. Tocante, assim como o otimismo inabalável de Juscelino. Inabalável e contagiante. É bom estar lá. São regras rígidas, o Plano Piloto. Regras de que muitos discordam. Mas os brasilienses têm que se acomodar a elas. Como nossa democracia, muito parecido com ela. Regras que não compreendemos completamente, que temos que aceitar, mas que são nossas regras, e mudá-las faria algo pior.

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