Em Brasília Dia 2.0

Já estou me virando melhor nessa cidade que, conforme disse um taxista, o povo não anda de pé. Botei sandália confortável, tomei ônibus até um certo ponto e depois desci à pé ao Congresso, por passagens que como disse não são feitas pra quem anda “de pé”. A certa altura me disseram que tinha uma agência do BB no Exército, e lá fui antes de chegar ao Congresso.

No Congresso, não sei se falei ontem, uma exposição sobre a ditadura na linha oficial de hoje, mostrando a resistência como algo heróico e violento, e não paciente e democrático, um pouco pior que as que já vi ultimamente. Letras de músicas de Vandré e tal. Ao mesmo tempo, um certo desconforto em entrar no prédio do Exército para sacar 280 reais, algo assim como o que se sente ao entrar numa repartição pública mas 5 vezes pior.

50 anos de golpe, já era mais que tempo de não sentir nada quando se entra pra pegar 280 reais numa repartição pública do governo federal. Mas ficaram na mente aquelas expressões dos pais, “milico”, “general f-d-p”, etc., etc. No fundo, a transição foi tão bem feita que não precisamos dialogar e nos entender, eles ficaram com a ideologia deles e nós com a nossa, e fomos tocando a vida, e agora chegamos aqui.

Conversa excepcional com o Deputado Paulo Pimenta, do PT do Rio Grande do Sul, tomando chimarrão e tudo. Sobre diálogo dos deputados com os eleitores, prós e contras de Facebook, barreiras a improvement, questões partidárias, regionais, o cara um é bom analista. Exemplo: “Eu sempre tive redes no interior do rio Grande do Sul, nunca tive eleitorado concentrado. Então as redes sociais foram naturais para mim.”

Essa questão da internet não é tão marcada pela questão partidária normal, PT e PSDB, viu pessoal? Lei de Acesso, uso de novas mídias, Marco Civil… Isso daria uma boa tese de doutorado: ideologia e posicionamento quanto à democracia digital. Talvez – chute – alguns partidos mais tradicionais se baseiem em modos comunicativos mais tradicionais também. Tipo livro.

Agora, almoço como pessoal do O Globo, lembram que saiu uma entrevista comigo no final do ano? Então vou lá. Depois eu conto a tarde como foi. Está bem interessante mesmo.

——

Esqueci de falar dos acessos labirínticos aos vários prédios do Congresso, os anexos. E das bizarrias, tipo ter 8 elevadores para um prédio, alguns deles reservados para os parlamentares, e todos com ascensorista, que é uma palavra que nem sei escrever pois quando fui alfabetizada já não tinha. O problema não é nem o desperdício de $, mas a ineficiência de uma instituição com algo que não é mais um cabide de empregos, é um closet de socialite de empregos.

E aqui só tem homens.

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