Tancredo de Almeida Neves, ex-primeiro ministro dos Estados Unidos do Brasil, assumiu a candidatura à presidência da república depois de acertos finais com aliados indecisos em seu partido, o PSD do também mineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira. Desde 1995, com a saída do vice-presidente Itamar Franco, o Brasil não tem um presidente do Estado de Minas Gerais.
A plataforma do atual governador de Minas Gerais é a da conciliação, da moderação e da busca pelo consenso, no que não foge à tradição de seus conterrâneos. À sua principal adversária e atual presidenta da república, o governador não faz críticas diretas. Mas aliados próximos relatam que para o mineiro a contribuição da jovem guerrilheira “já se deu”, especialmente no episódio do roubo do cofre de Adhemar de Barros. Além disso, ainda segundo esses aliados, o candidato reconhece que os tempos já mudaram mas que presidência não é coisa para mulher.
Sobre seu principal adversário na oposição, o governador pernambucano Miguel Arraes, as críticas são mais explícitas. “Para que o Brasil precisa se confrontar com os americanos? Arraes é persona non grata em Washington e os tempos não são de destempero”, disse o governador em comício no populoso Estado de S. Paulo. “A guerra fria acabou, governador”, sussurrou o correligionário José Serra, recentemente trazido para o PSD depois de flertar com a esquerda tresloucada. “Quando?”, perguntou o governador, surpreso.
Tancredo Neves, que não acompanhou a exumação do corpo do ex-presidente João Goulart, tem reiterado à Comissão da Verdade que é importante conhecer as reais causas da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek. “Em 1985 fizemos acordos com os então detentores do poder; retornamos à democracia e esses acordos foram cumpridos. Agora apenas queremos saber da verdade.” Sobre o fiasco de 1986, quando Tancredo Neves morreu antes de assumir a presidência da república, o candidato recorre a sua conhecida fé: “Não é hora de ter rancores; se aquela foi a vontade de Deus, que podiam ter feito os médicos de Brasília?”
A morte de Tancredo, entretanto, não foi na época bem aceita pela população brasileira, que esperava ardentemente um presidente civil comprometido com a democracia. “Flávio Portela teria sido o melhor para ao Brasil”, era a voz corrente em 1985.