Acho que queria alguém com o perfil do Haddad na presidência, uma pessoa normal. Não sei se ele mesmo, pois achei pouco criativa a gestão dele na educação. Mas na prefeitura ele está me surpreendendo. Fazendo as tarefas atrasadas, acumuladas nas últimas gestões. No final, no Brasil, tudo dá certo, até mesmo o governo do PT, então não é razão para o desespero. Mas os candidatos aí preocupam.
Aécio fala tudo o que você gostaria de ouvir. “Right on the message”, acho que os americanos falam. Mas a tela da TV parece espessa, o discurso parece de aluno que decora o que o professor quer ouvir. No caso, decora o que o Fernando Henrique Cardoso ensinou. Se Aécio for eleito e o professor estiver gripado, como é que ficamos?
Sobre o outro cara, do outro partido, PSB, algo assim, o mesmo. Tudo maravilhoso mas essa sensação de uma tela espessa que traduz incompetência e falta de compromisso em frases melodiosas.
Eu não tenho certeza absoluta que a Dilma tente a reeleição. Govenar é chato, especialmente se você não sabe governar, e pode ser que ela se canse e decida deixar os cabelos brancos. (Com dar aulas também, se você não tem o que dizer a carga horária pesa.) A tentativa de reeleição é o mais provável, claro, por pressões do partido. Mas se até o papa renunciou…
Sobre a Marina, tudo é incrível, tudo parece amador. Não acho que o problema foi o timing, como dizem nos jornais, ou as burocracias estatais. O problema é que ninguém assinou a porcaria do apoio. Eu mesma assinei e mandei por email, depois me disseram que tinha que enviar pelo correio e fui postergando. Pois não parecia uma prioridade no meu HitList. Havia o meu trabalho, as visitas familiares, a crise na Síria, fui deixando. Era algo secundário. E se era para mim, que gosto de política, quanto mais para os eleitores brasileiros que não aguentam mais o sistema político nacional.
Sempre lembro do César Maia dando uma declaração à imprensa quando perdeu eleições municipais e perguntaram a que se devia a derrota. Ele: “A derrota se deve ao fato de que o carioca preferiu as propostas do outro candidato.” Democracia é isso, é na base do número, das massas. Ah, mas outros partidos nanicos foram criados. Tá. Foram. Pois há sacanagem, há máquinas, há favores. Mas se o povo brasileiro quisesse um outro partido, teria o da Marina também. Não foi criado pois não se quis.
Por que a Marina não ficou no PT, tentou construir uma nova política com pessoas como o Haddad? Poderia agora estar disputando a presidência, caso a Dilma jogue a toalha, por exemplo. Por que não ficou no PV, fazendo o serviço de político que é exatamente criar alianças, agregar, somar? Por que não foi pro PPS, para onde haviam ido vários verdes? A falta de assinaturas, na minha opinião, vem da falta de respostas para essas perguntas. Qual o objetivo de um novo partido se ela tinha ao menos três alternativas excepcionais, em partidos que têm grande afinidade ideológica com suas propostas?
Uma líder para quem nenhum das dezenas de partidos políticos serve? Nos EUA de vez em quando alguem “corre por fora”, mas só há dois partidos. Em geral dá errado, acaba atrapalhando a decisão racional do eleitor. No caso do prefeito Bloomberg deu certo, mas teria sido melhor se ele tivesse tentado desengessar os partidos em Nova York ao invés de correr por fora. Mas no Brasil? Com esse sistema partidário?
O único partido que falta no Brasil é o Partido Liberal. O resto é busca de espaço.
Então é isso. Teremos nesse sistema muitas opções. Todas muito parecidas. Indiferenciáveis, quase. Se a eleição fosse hoje eu votaria no Aécio, pedindo em todo Yom Kipur para que o nome do Fernando Henrique seja inscrito no livro da vida pelo menos até a próxima eleição!