Aproveitando que estamos todos falando em transparência, copio abaixo uma proposta para tornar os processos seletivos dos programas de pós-graduação mais abertos, simples e competitivos.
Processo seletivo na Pós-Graduação
Uma proposta
Heloisa Pait
Agosto de 2013
Apresentação
Essa proposta de processo seletivo tem como objetivo atrair os melhores candidatos para os programas de pós-graduação na UNESP, que com as nossas boas condições de pesquisa poderão, em contrapartida, contribuir com nossos programas com pesquisas, publicações e ingresso como docentes nas melhores universidades. Ela foi desenhada tendo em mente o programa de pós-graduação em ciências sociais da UNESP de Marília, mas inclui propostas gerais que poderiam inspirar outros programas também. O processo seletivo teria duas fases, ambas simples e abertas, facilitando a inscrição dos candidatos assim como o trabalho de seleção dos examinadores.
Na primeira fase, documentos essenciais para o processo seletivo seriam enviados por email ou, melhor ainda, colocados numa plataforma desenhada para o processo seletivo, à semelhança das plataformas de revisão de periódicos ou agências de fomento. Os documentos seriam: uma carta de apresentação (com link para o Lattes), o projeto de pesquisa, uma carta de recomendação, um artigo, um certificado de língua e o resultado de uma prova geral da área (cuja criação a Unesp poderia incentivar). Numa segunda fase, entrevistas com os candidatos determinariam sua inserção no programa (classificação, especial ou regular, bolsas, etc.). Veja detalhamento das fases abaixo.
Ações necessárias
Para a Unesp: criação de plataforma de seleção, que estaria disponível aos programas interessados (veja detalhamento no tópico Plataforma); apoio na criação de provas gerais de admissão por área; revisão de regulamentação para eliminar exigências desnecessárias de documentos na fase da inscrição.
Para os programas: utilização de email para a inscrição, enquanto a plataforma não é criada; esforços na criação de provas gerais de admissão, começando com programas de áreas afins; eliminar exigências desnecessárias de documentos na fase da inscrição, que limitam o número de candidatos.
Fase 1
Todo o material deverá ser enviado por email ou em plataforma na internet, para que a banca tenha facilidade de leitura e avaliação. Isso também teria o benefício de facilitar a inscrição de candidatos.
A carta de apresentação, o resumo do projeto, a carta de recomendação e o exame de língua ajudariam as bancas a fazerem uma triagem preliminar (que escolheria em torno de 20 candidatos). O projeto completo, o currículo e o artigo seriam usados para escolher os alunos aprovados, seja regulares ou especiais.
Carta de apresentação
Carta ao programa de pós-graduação de 2 páginas contendo: apresentação do candidato; destaques do currículo e link para o currículo Lattes atualizado; resumo da principal pesquisa ou publicação; resumo sintético do projeto de pesquisa; e razão do interesse no programa de pós.
Projeto de pesquisa
Projeto de pesquisa, contendo resumo de 2 páginas. Tanto o resumo quanto o projeto devem incluir a. descrição do objeto de estudo; b. objetivos da pesquisa; c. referencial teórico (ou revisão bibliográfica); e d. metodologia
Carta de recomendação
Carta de recomendação acadêmica (e opcionalmente uma segunda carta de recomendação em qualquer área de atuação).
Principal artigo
Principal artigo ou capítulo de tese, de preferência com link para publicação online
Proficiência de língua
Certificado de proficiência de língua reconhecido (Toefl, Alliance Française, Cambridge Examination, Instituto Italiano de Cultura, etc.)
Prova geral da área
Futuramente, resultados de prova geral feita em conjunto com outros programas de pós-graduação. Nesse item, a UNESP como um todo poderia liderar a iniciativa de elaboração de provas nacionais nos moldes da prova da Anpec, primeiramente entre programas de áreas afins da própria UNESP e depois convidando outras instituições para que se juntem a esses esforços.
Fase 2:
Entrevistas presenciais ou à distância com os candidatos aprovados na primeira fase, conforme conveniência das bancas e candidatos, de modo a não excluir bons candidatos em outros estados do país ou mesmo do exterior, para determinar a inserção dos candidatos no programa (bolsas, especial ou regular, etc.)
Plataforma
A UNESP criaria uma plataforma na internet onde os candidatos postariam seu material, que seria acessado apenas pela banca ou publicamente, conforme as instruções do programa (por ex., capítulos e cartas de apresentação públicas e cartas de recomendação apenas para a banca). Adicionalmente, essa plataforma conteria campos para que os membros da banca atribuíssem notas aos vários materiais apresentados pelos candidatos e para que registrassem suas considerações, assim facilitando uma discussão racional dos méritos de cada um.
Contato
heloisa.pait@fulbrightmail.org
À exceção do artigo, concordo com a lista de documentos iniciais a serem apresentados. Acho que pedir um artigo ou capítulo de tese para seleção de ingresso na pós-graduação exige um grau de maturidade da pesquisa que muitas vezes no início / no ingresso de um mestrado, por exemplo, ainda não se tem. Nem sempre escolas contam com trabalhos de conclusão de curso que propiciam amadurecimento de ideias de pesquisa ainda na graduação e nem sempre se faz iniciação científica naquilo que escolherá pesquisa mais tarde.
Para além disso, é ótimo se ter duas fases definias e claros quais documentos devem ser entregues, mas ainda não seria preciso deixar claro e transparente o peso de cada fase, quais critérios serão usados na seleção e tb seus pesos?
Pode ser um artigo apresentado em congresso, pode ser a monografia. Mas é melhor isso que um monte de documentos que ninguém lê (certificados de curso de origami, atestado de sanidade mental do cachorro da avó).
O critério fica a cargo do programa: um pode querer um sujeito que se alie aos piores aspectos do socialismo real, o outro que tenha um compromisso com a ciência, e assim por diante. Não é de cima para baixo que se decide. Minha proposta não impõe critérios.
O fundamental é que os candidatos façam provas gerais e apresentação de projetos ou públicos ou ao menos acessíveis ao corpo docente como um todo. A transparência, total ou circunscrita, já daria uma excelente balizada na seleção.
Acho fantástico que vc não impõe critérios e que isso deve ser facultado a cada programa na busca por seu perfil de desejo mesmo. E tb seria fantástico que esses critérios fossem divulgados, pq assim, ao se candidatar, o(a) candidato(a) terá noção de qual é o perfil desejado, das suas chances, se se adequa ao que o programa deseja e mesmo daquilo que precisa melhorar para ter mais chances.
Claro, mas se quase tudo é aberto (notas nas provas gerais, línguas, os projetos), então os programas serão estimulados a deixarem mais explícitos os critérios.