Open Knowledge Foundation pede mais dados abertos

A OKFN-Brasil soltou um comunicado à imprensa hoje, que copio anexo. Eu estou no conselho consultivo da organização. Adiciono ao comunicado essa análise apressada que faço do poder dos dados abertos para a democracia, tendo como pano de fundo os protestos violentos e a resposta policial descabida, que juntas deixam os democratas brasileiros apreensivos.

Minha análise: Sem saber como 40% de nossa renda é gerida, nós nos infantilizamos. Hoje, até crianças pequenas tem uma idéia melhor sobre como os pais usam os recursos familiares do que nós, adultos, que por definição contribuimos juntos com 100% da renda nacional, temos sobre os gastos públicos. Isso, como disse, nos infantiliza. E se pode dar conforto às crianças saber que alguém cuida de seus interesses, nos adultos a  sensação é de impotência e frustração. Será que faríamos melhor uso privado desse recurso? Será que poderíamos contribuir para o seu melhor uso público? Não sabemos, pois a informação é vedada. Os processos de decisão são opacos e não temos idéia de como os recursos são empregados ao final.

A psicologia disso é simples. Para se proteger dessa sensação de impotência, nos refugiamos na passividade: o futebol glorificado, a novela debatida, as compras, as discussões no feici sobre o direito à vida. Fingimos que não estamos sendo enganados a cada dia. Ou “partimos pra cima”, como fez uma pequena minoria nos últimos dias. Que foi muito criticada, mas também aplaudida. Pois muitos de nós temos vontade de “partir pra cima”, não?

A pressão pelos dados abertos nos tiraria deste dilema. Vamos fazer um movimento de verdade pela transparência das decisões e gastos públicos. Vamos exigir transparência da prefeitura, do governo do estado e do governo federal na questão dos transportes e em todas as outras também. E aí sim vamos discutir no feici, com dados e gráficos na mão, sobre como gerir esse país. Vamos nos tornar adultos, assumir a responsabilidade pelas decisões públicas. Abaixo o comunicado da OKFN-Brasil

 

COMUNICADO DE IMPRENSA. São Paulo, Brasil, 14 de junho de 2013. Publicações em outras línguas aqui. No Público do Estadão aqui

Um dos três tópicos mais importantes da conferência do G8, que se realizará na Irlanda do Norte na próxima semana, será a questão dos dados abertos e da transparência da informação. Foram divulgados hoje os resultados preliminares do Censo de Dados Abertos global, mostrando que os países do G8 ainda estão longe de divulgarem informações elementares em formato aberto. O Grupo dos Oito (G8), que não inclui o Brasil, reúne países industrializados e a Rússia.

O Censo de Dados Abertos (Open Data Census, veja http://census.okfn.org) é feito pela Open Knowledge Foundation (OKF) com a colaboração de uma rede internacional de especialistas e seus grupos locais, incluindo o do Brasil. Esse censo mede o grau de transparência de dados relevantes para a divulgação e a prestação de contas, tais como resultados eleitorais e gastos do governo, assim como dados essenciais na prestação de serviços, mapas e tabelas de horários de ônibus. Os dados completos do Censo de 2013 serão divulgados ainda neste ano.

open data census g8

– Veja mais em: http://br.okfn.org/2013/06/14/paises-do-g8-precisam-fazer-mais-pela-transparencia-de-informacoes-essenciais/#sthash.fFiCQN1S.dpuf

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