Hoje não vai dar pra caprichar no texto, só queria falar em voz alta mesmo enquanto vejo a novela. Quando é que o Brasil se americanizou?
Sempre achei uma bobagem aquele nacionalismo bobo, o Brazil não conhece o Brasil, e tal, mas mesmo assim me surpreendo.
Quando é que eu virei “Peit”? Nessa semana, alguém me pediu o documento, perguntou: “Peit”? Eu disse: é. Na verdade, não é. Meu nome é Pait, de Hait, de Haiat, de Al-Haiat, alfaite.
Mas como o nome já migrou muito de língua, qual o problema que migre mais uma vez?
Sempre tirei o mais sarro dos americanos que tinham movimento anti-gay e anti-aborto. Aqui parecia que as pessoas só eram a favor, e o que era contrário era a acomodação, a tradição, a preguiça de mexer em qualquer coisa.
Nos Estados Unidos existem líderes anti-gay. Ícones. Mártires. Sempre achei ridículo. Tipo pasta de amendoim. Quando foi exatamente que esses líderes surgiram aqui? De onde veio esse último projeto de lei pró-estupro? De que país?
Brasileiro é o modo como se referem a um desses líderes: “Não foi na parada gay pra não estragar a chapinha.” Aí eu reconheço o meu país. O deboche. A alegria. A sátira.
Mas era bom a gente ficar de olho, pois o problema é que, ao contrário do que a Elis Regina resmungava, o Brasil não conhece o Brazil. Que está chegando – já chegou – de um modo avassalador, para o bem, fundamentalmente para o bem, mas também para a idiotice do consumismo, para o ranço insuportável da ideologização das relações pessoais, e para o que mais vier.
Desculpe o texto descuidado, era só pra lançar uma idéia.