As cenas de Genoíno assumindo o cargo de deputado federal no Congresso foram tristes, melancólicas para quem admirava a trajetória do ativista e pouco dignas para quem não admirava. Para mim – fiquei indiferente. O cargo é dele por direito, se ele cometeu algum crime não foi esse. Que faça bom proveito!
O que me indigna é que um cidadão comum, que não foi eleito para nada, possa assumir um lugar no congresso nacional desse meu país, assim do nada. Penso que valeria uma nova “lei da ficha limpa”, acabando de vez com essa história de “suplente”. Como assim, suplente? Se o titular – o deputado eleito – não tem vontade de exercer o mandato, que abra mão dele e pronto. Dos salários, do seguro-saúde e de todo o mais. Ninguém é obrigado a terminar o mandato “só” porque teve uns 100 mil incautos que nele depositaram confiança.
São uns 500 deputados, não? Um a menos não fará diferença. Claro que, como todos nós, os deputados podem estar impedidos de exercer suas atividades momentaneamente. Então, como qualquer cidadão, eles deveriam fazer a perícia médica e pronto, teriam uma licença médica, com salário reduzido, pelo tempo de convalecença. Penso que isso ajudaria um pouco a moralizar a instituição, atraindo os que querem servi-la e não os que querem apenas um porto seguro enquanto algo melhor não aparece. Ou não; talvez isso afaste os melhores…
Mas seria bom ter um congresso para valer, de congressistas, e não de políticos genéricos. De modo um pouco escolar, como o governo do estado de São Paulo tem feito com as professoras, poderíamos também ter um salário máximo (o atual) para os assíduos, com descontos por faltas…
Enfim, o problema não é “o Genoíno”. O problema é que ele ache normal – e a lei permita – se utilizar de uma instituição para resolver um problema pessoal, privado. Do mesmo modo, o problema não é “a Rose”, que é ou não namorada do ex-presidente em exercício, contra quem querem dar um golpe de estado. O problema é que há todo um órgão público, esse tal “gabinete regional”, completamente inútil que nunca deveria ter sido criado, e se o foi foi apenas para a Rose. Assim como a suplência serve para o Genoíno (e outros) e não para os representados de São Paulo.
E por que ninguém falou em simplesmente extinguir o gabinete regional? Acredito que seja por que não interessa para ninguém. Pois no governo, no setor público, poucos são os que não têm sua Rose e seu gabinete regional. O poder deriva não da relação custo-benefício de seu órgão, mas do número de pessoas que têm sob seu comando. O problema não é o gabinete inútil em si, eles pensam, mas apenas que a Rose passou dos limites, de uma certa ética esquisita que permite ser sanguessuga sem roubar…
Falando em custo-benefício, vocês já olharam a estrutura administrativa da prefeitura dessa nossa querida Vila de São Paulo de Piratininga? Vejam as secretarias, os outros órgãos, além das subprefeituras, que devem repetir um monte de serviços. Não foi nada debatido durante a campanha, infelizmente. Mas só de olhar para essa lista infindável de repartições já dá pra entender por que tanta corrupção: deve ser simplesmente impossível de gerenciar tudo. Mesmo tendo feito Poli ou Bandeirantes…
Quanto ao suplente, a saída é o voto distrital. Ninguém esquece que o Serra saiu da prefeitura para ser candidato; alguns perdoam, outros não, mas todos lembram que o mandato é do povo, então ele é responsável pela decisão.
Entender a estrutura administrativa da prefeitura, esquece. Melhores alunos do que o prefeito atual e anterior não conseguem. E note que só tem verbete sobre “São Paulo dos Campos de Piratininga” na wikipedia em inglês. Em português, não.