Serra e Schneider saem do gabinete; 1ª eleição desde ’22 toma corpo nas ruas de São Paulo

Os candidatos a prefeito e vice de São Paulo resolveram sair do gabinete neste sábado, véspera de feriado na capital, para entrar no corpo-a-corpo com os eleitores nessa que será a primeira eleição municipal desde a Semana de Arte Moderna de 1922.

“Chega de análises, pesquisas, ‘focus groups'”, disse Alexandre Schneider, um novato na política. “É hora de perguntar ao povo o que o povo quer!”, completou, animado com a festa que toma conta da Baixa Augusta e da Avenida Paulista nos sábados à noite.

Abrindo caminho entre a jovem e animada multidão, entre os quais se viam alguns homens se vestindo de homens e algumas mulheres de mulher, Serra e Schneider pareciam às vezes desnorteados, se atrapalhando com os pronomes.

“Vamos garantir que os moços tenham bons empregos, que possam sustentar dignamente suas esposas e filhos! E que as moças paulistanas possam se orgulhar do que constróem seus pais e seus maridos nessa cidade que é de todos!”, discursou o candidato a prefeito, para aplauso geral da multidão, que pensou que ele era um fake.

A reportagem conseguiu falar com o candidato.

Reportagem: “Candidato, o senhor é a favor do voto feminino?”

Serra: “Sou a favor de que as mulheres possam educar bem os jovens paulistanos, na defesa da liberdade e da democracia.”

Reportagem: “E na sua gestão, teremos mulheres administradoras?”

Serra: “Vamos tratar a administração pública como uma coisa séria, menina!”

Reportagem: “Nas cidades modernas, como Berlin, o movimento homossexual se firma como uma alternativa à velha política. Se eleito, o senhor apoiaria um gay para prefeito em 1928?”

Serra: “O que você está insinuando?”

O artista multimídia Oswald de Andrade, que passeava pela Augusta na altura no Espaço Banco Nacional de Cinema, negou que estivesse apoiando o candidato do PSDB à prefeitura da Paulicéia Desvairada: “Hello-oo! Eu fiz parte da Semana de Arte Moderna, e não Jurássica! Parece que desde 1922 até agora continuamos lutando contra a mesma pasmaceira!”

Sua amiga Anita se mostrava mais simpática à candidatura da situação: “Serra pode ser jurássico sim, mas esse Schneider me parece apenas medieval, não? Medieval, no bom sentido, claro”, disse a artista internacional, sempre contemporizadora. “Averróes, Yehuda Halevi, esse pessoal”, explicou.

A vidente Heloisa Pait, que passeava pela Augusta no sábado, fez questão de explicar seu voto a esse blogue. “Esse ano não fui pra Flip, quero estar na minha cidade o maior tempo possível, até 15 de novembro. Meu voto é Serra/Schneider, claro, pois são os únicos que podem frear a maré anti-democrática que vai dar no Vargas.”

E ainda: “Agora, a coisa toda é um grande equívoco. São Paulo só enfrenta o autoritarismo central quando se fortalece. Vai ser assim com a USP, com o ABC. Quando fica de picuinha, se fode”, esmiuçou a moça, sem pudor, revelando as mudanças de costumes que tomam as metrópoles do mundo todo desde a virada do século.

Conclui ela, lamentando: “O Matarazzo, que é da indústria, era um nome melhor para São Paulo, mas não rolou…”

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