Prometi aos amigos iranianos, que conheci no Facebook através da campanha iniciada por israelenses contra a guerra iminente entre os dois países, que faria mais por eles. Aqui vai meu manifesto, que distribuo aos amigos.
Nós, amantes da paz, admiradores das culturas milenares judaica e persa, que hoje animam o Estado de Israel e a República do Irã, tememos que uma guerra entre os dois países cause apenas destruição e rancor entre povos com uma longa história de amizade. Um ataque bem sucedido às usinas iranianas talvez possa eliminar o perigo nuclear no Oriente Médio e permitir ao povo iraniano que resgate sua soberania através de eleições livres. Mas muitos duvidam, mesmo entre os israelenses, e mesmo em círculos militares daquele país, que esse ataque seja de fato bem sucedido e necessário.
Enquanto isso, assim como o governo Sírio, o opressivo regime iraniano conta com a solidariedade de governos autoritários e ilegítimos, o que permite que vá tocando seu perigoso projeto de poder regional enquanto cala seus próprios jovens com violência.
Queremos que o Brasil questione o regime iraniano atual, defenda eleições livres monitoradas por organismos internacionais e pare com meias palavras e veja-bens. Queremos que o Brasil se coloque contra a produção de armas atômicas no Irã, que apenas vão consolidar o poder teocrático local e ameaçar o frágil equilíbrio regional. Nós, brasileiros, debaixo de uma ditadura, dissemos não às armas atômicas. Esse gesto corajoso da sociedade civil permitiu nossa transição democrática pacífica e efetiva. Hoje, iranianos com os mesmos valores que nós querem que esse exemplo seja mostrado sem reservas aos governantes de seu país.
Queremos que o Brasil diga claramente, sem medo, ao governo iraniano, que os brasileiros querem que os iranianos tenham, em seu país, as mesmas liberdades que nós, brasileiros, temos aqui (e não vice-versa). Queremos que os representantes de nosso governo no exterior engulam seu orgulho ferido e se aliem aos governos de outros países democráticos como o nosso em suas pressões ao governo iraniano. Com tergiversações e pompa, o Itamaraty tem se mantido aparentemente altivo, mas enchido de vergonha os brasileiros amantes da paz, que constituem a maioria do povo de nosso país.
Essa guerra pode ser evitada. O governo iraniano vai entender, caso um recado claro da comunidade internacional seja emitido. O Brasil precisa fazer sua parte pela paz. A luta entre Israel e Irã deve se dar como na linda disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro, e não em torno de destruição e morte. Esses dois povos, que nos deram tanto, ainda tem muito a oferecer para as artes e para as ciências. O Brasil não está fazendo tudo o que pode para que os laços fraternos entre esses dois povos se refaçam.