Reunião interessantíssima hoje na Artigo 19, lá no centro, com o Arthur da própria Artigo 19, o Everton da Wikipédia e Open Knowledge, o deputado Walter Feldman e comiguinho mesma. Assunto: democracia, livre expressão, participação pública, transparência governamental, representação política. Reunião curta mas genial para um sociólogo – eu não fiz sociais mas passei um tempo na New School – pois pudemos ver olhares distintos sobre essas questões, que vêm de experiências diferentes mas parecem inspiradas pelos mesmos valores.
O Arthur com uma visão pragmática, querendo discutir legislação, muito profissional. O Everton mostrando o potencial da tecnologia para escancarar a máquina do Estado. O Walter falando de sua batalha por uma política ética e viva. Eu tentando fazer a ponte entre gerações distintas, mostrando ao deputado como muitos objetivos dele podem ser alcançados por essas “coisas que os jovens fazem hoje com a internet”.
Minha visão: esse Estado interventor e corrupto, gerido por uma política obscura e repleta de vaidades consegue ir tocando a democracia brasileira pois, como diz a piada, “chegando aqui nós avacaia”. Ou seja, a sociedade brasileira tem uma força, uma inércia que barra as iniciativas autoritárias mais piradas que vem desse Estado e dessa conformação política.
Mas, para a democracia chegar ao Estado de fato, a sociedade precisa entender esse Estado, fazer parte dele, agir sobre ele. E nada mais brasileiro do que um meio de comunicação que permite que a gente fuce o Estado e fofoque sobre as ações dos que o gerenciam. Não sei se fuçar e fofocar fazem parte das categorias da ciência política tal qual ensinada em nossos centros de excelência, mas é isso que o Brasil é e é isso que a política brasileira precisa.
Crônicas da Sala de Aula 