Achcar sobre primavera árabe

Acabei de voltar desse seminário, com o Professor Gilbert Achcar. Bom escutar ao vivo alguém falando das revoltas no mundo árabe, não ficar só lendo. Também inusitado ouvir uma análise marxista dos eventos, parece um pouco anacrônico, mas que sei eu dos tempos? Ainda impressionada com as pinturas rupestres de 35 mil anos…

No geral, o professor sustenta que foi o atraso econômico que acabou gerando insatisfações, e que os sindicatos tiveram papel importante nas revoltas. Não sei se a história é essa mesmo, mas uma volta aos dados concretos, renda, emprego, desigualdade, etc., etc., é sempre boa.

Perguntei se ele estava contente com a posição brasileira quanto ao Irã e quanto à Líbia. Nossa, ele foi tão sincero. Gostei. Disse que não, que esperava que o Brasil apoiasse a democracia, que é princípio deste governo, em todos os lugares. Que o Brasil no Oriente Médio estava agindo como um Bric, e que isso não é bem visto pelos movimentos populares. Não é tão ruim quanto a Venuezuela, mas é na mesma direção, ele disse. Hello-o, Itamaraty!

Adorei que ele falou dos países árabes sem trazer Israel como bode expiatório amplo e geral. Mas minha alegria durou até as perguntas, que focaram em Israel e Palestina. Aí volta a mesma ladainha: Israel tem medo da revolta árabe [até a direita está otimista], o ocidente apóia Israel incondicionalmente [sem comentários], Shalit foi preso em Gaza [foi em Israel], a direita israelense cresce por causa do apoio americano [não por guerras sucessivas], e assim por diante.

Tudo bem. É bom ouvir. Claro que fica faltando alguém que diga com todas as letras: “A gente usou Israel para sustentar esses governos depravados que acabaram de cair.” Mas fica pra próxima. O Abbas chegou perto. Me lembrei do Seinfeld no episódio do tintureiro: I shrunk it.

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