Li finalmente o “Sociological Imagination” de Mills, um daqueles textos que você ouve falar bastante, sabe que “tem que” ler, mas não lê. Me lembro do meu orientador falando “The sociological imagination, right?” Só que ele apenas sugeria a coisa, não era professor desses de explicar matéria, e além de tudo ele se referia mais à coisa em si, à imaginação sociológica, que ao texto com esse título escrito nos anos 50 por C. Wright Mills.
Mas do que se trata? Pois é, não entendi. Se tiver algum sociólogo entre os leitores, me explique. Me parece um autor reclamando de alguma coisa que eu não consegui identificar bem qual é. A proposta inicial é genial, ajuntar dramas pessoais e coletivos. Mas não é essa, desde sempre, a essência da linguagem? Quando falamos “eu”, não queremos dizer eu e também todos os outros eus que existem, tão eus quanto eu?
Ele cita Mead, um desses geniais pragmatistas americanos, junto com Peirce e Dewey e o irmão do Henry James. Mas cita de modo bem tosco, apesar de ter escrito sua tese sobre o autor. Mead se restringiria às interações mais locais. Ah, é? Mas o incrível dos pragmatistas é o quão longe chegam a partir do exame do mais cotidiano, do mais… humano.
E aí fiquei pensando o seguinte, sobre as teorias sociais americanas e brasileiras. Por que não instituímos umas barreiras alfandegárias, logo no começo do século, mais ou menos nos anos 30, junto com o processo de substituição de importações na América Latina?
Pra quê importamos o marxismo e depois dele todos os outros ismos de direita e esquerda, técnicos e filosóficos, quando nessa época já tinhamos os pilares de um pensamento local rico, profundo e com alguma relação com a experiência pan-americana? Nada mais, só essa dúvida.
Mills, não li. Tenho um facebook friend que deve ter lido, quer que eu pergunte? 😉
Barreira ao comércio de ideias é justamente a fonte do problema. Como é difícil importar, depois que compramos uma tecnologia ela vai se eternizando, mesmo que obsoleta. Talvez desse para escrever um modelinho sobre isso.