À porta da sala, um monte de cadeiras apinhadas, com alunos de outras turmas com rostos de poucos amigos guardando a entrada. Esperei até as 8 da manhã no saguão e vim para mim sala, onde vou trabalhar. O que vou dizer? Os professores se debatem entre considerar matéria dada ou refazer o calendário. Mas parece que há uma regra, muito razoável na minha opinião, que não podemos simplesmente considerar aula dada se não há ninguém presente. Se não houver como repor, o semestre está perdido. Além disso, com os funcionários parados inconsequentemente e muitos professores fazendo paralizações pontuais, como dizer aos alunos, naturalmente mais radicais, que o que fazer é errado?
Um aluno aparece na minha sala, conversamos informalmente. O trabalho dele está pronto, ele me conta um pouco mais. Expliquei o melhor possível. Minha hipótese de trabalho é que a causa da paralização é que as pessoas querem parar. Já tratei da coisa em algumas sessões, será que vão repor? Minha analista já tem até seus palpites. “Eles precisam de alguém que diga ‘Basta!’, como aquele seu avô.”
Converse com os alunos. Se possível sobre qualquer tema, menos sobre as escaramuças do momento. Estudante no Brasil não tem com quem falar. Sei que você sabe disso, mas não custa repetir.
Sei, conversei com o aluno que veio na sala. Mas com o pessoal da barricada, Fi, não dá mesmo pra conversar. Eu me senti mal, é um pessoal que não está pra conversa.
Ah, meu holerite: 7.574,75 brutos. Pra campanha da Dilma: 1.286,92. Pros desfalques da previdência: 375,81. Num teria que ter a parte do Demian?
os professores tambem estao em greve? estao apoiando a greve dos funcionarios? estao apenas intimidados?
Vamos nos reunir agora e propor algo. Não sei te responder ao certo. Muitos querem tocar adiante, não estão apoiando, estão cheios de greves. Não estão em greve, mas há “dias de paralização”. Intimidados? Acho que não. Mas não dá pra dar aula sem sala nem aluno…
Hoje você conversou sobre ou tuiteiros de Teheran. Isso é assunto. Com o xiitas que só querem falar sobre greve, não há o que conversar.