Caí numa gargalhada no meio da sessão e minha analista não perdoou. Disse que para a mim a risada era elo de ligação com as pessoas, que ocupava um lugar privilegiado nas minhas relações as mais variadas. E isso lá é crime?
Não só concordei, sem pedir desculpas, como ainda ensaiei uma espécie de lamento, de prece, de pedido a um Deus em quem infelizmente não acredito: “Uma vez eu tive uma classe em que a gente dava risada.” E fiquei lembrando da classe, risada de ter que se segurar, e me perguntando se eu teria isso de novo algum dia.
Mas Deus é pai, a gente acreditando ou não nele.
Na primeira aula do noturno saí deprimida. Puxa, a gente se esforça tanto para montar um programa bacana e só escuta críticas? Peguei o ônibus sugada.
O matutino ia bem. Na segunda aula da noturno não havia ninguém daquela primeira aula. Sabe o que é ninguém? Ninguém. Mas havia um outro grupo de jovens, mais ou menos em mesmo número. Então repeti a introdução do curso, só que comprimido pois eu tinha pedido uma orientação da bibliotecária para o uso de bancos de dados.
Não conversei com eles, pois não houve tempo. Mas senti algo diferente. E desta vez voltei tranquila para S. Paulo.
E aí a terceira aula. Sobre Macunaíma. Falei sobre a São Paulo dos anos 20, que é meu tema predileto esses dias, e depois comecei a discussão. Quem é o Macunaíma em você? Era a pergunta. As viagens, o herói sem caráter, o mito original de Makunaima. Vieram preparados. E rimos. Não gargalhamos, mas rimos. Discutimos, escutamos, rimos. A turma da primeira aula exerceu seu direito inalienável de aluno, de não fazer cursos com professores com quem não vão com a cara. E me veio assim de graça uma outra turma. Acho que vai ser legal.